quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Um filme que virou realidade

Assim que abri meus olhos pela primeira vez na última sexta-feira, bem cedinho, lembrei-me: é hoje! Não gritei de felicidade, nem saí saltitante. Pelo contrário. Cobri a cabeça e fiquei um pouco mais no morno aconchego da minha cama. Juro que pensei em ficar lá até chegar segunda-feira.

Mas o jeito foi encarar. O dia prometia ser uma maratona, na verdade, quem assumiu tudo foi o Fê, eu só tinha que trabalhar (aff) e depois ir ao salão (eu quase nunca vou ao cabeleireiro, acho q dá pra perceber fácil... rs).

Penteada, maquiada, vestida, calçada e perfumada, lá estava eu na porta do Sesc. Detalhe: ao invés de bolsa eu carregava um imenso frio na barriga. Acho que nem quando fui parir meus filhos foi tão grande. O conforto veio na carinha feliz de cada amigo que fui encontrando pelo caminho, todos radiantes, felizes pela estréia do filme. Fiquei mais confiante.

E as luzes, enfim, se apagaram. Meu coração parecia querer saltar do meu peito. Apertei a mão do Fê, tentei não ouvir o silêncio que se fazia ao meu redor. Ainda fico arrepiada ao lembrar.

Aquelas cenas, antes tão familiares, agora pareciam estranhas. Não pareciam ter saltado de um papel que recebera letras através de meus dedos que receberam comandos ditados por meu cérebro. Tudo novo e imenso.

Criador X Criatura.

Foram os vinte minutos mais longos da minha vida. Comprovei na pele a veracidade desse clichê. Mas o pior foi quando o filme acabou. Subiram os créditos. Dois eternos minutos de créditos... ... ... .... .... .... .... Silêncio... ... ... ... ... ... ... Silêncio... ... ... ... ... ... ... Fim.

E palmas! Muitas palmas! Entusiasmadas!
Não senti meus pés enquanto subia ao palco. Um leve torpor adormecia minha pele. Energia pura.

O Hunfrey foi o primeiro a falar e, muito emocionado, não pôde segurar as lágrimas. Ficou com vergonha, achou que pagou mico e tudo, mas eu achei lindo. Tão sensível quanto sua interpretação no curta. O Leandro chamou toda a equipe ao palco, eu apresentei um por um. Agradecemos muito por tudo.

As pessoas que quiseram falar apenas nos parabenizaram. Eu estava preparada para receber críticas, mas ninguém quis se manifestar. O que eu desejava desde o início aconteceu: independente se o teor do filme é bom ou não, as pessoas entenderam que buscamos qualidade no processo e nos empenhamos muito para isso.

E o Sesc, representado pela queridíssima Carina, ainda nos ofereceu um coquetel maravilhoso. Foi uma noite memorável para todos nós da equipe.

Agora estou eu aqui, lembrando disso tudo, rememorando as risadas, os medos, as dificuldades e as alegrias que esse filme me trouxe. Eu poderia ter feito isso tudo calada, mas preferi escancarar e arriscar uma carreira meteórica: a de um filme só. Porque se desse tudo errado... Era uma vez a diretora Bia... rsrsrs.

Mas deu tudo certo e estou orgulhosa do trabalho que fizemos. Já vejo erros e coisas que poderão ser melhores em trabalhos futuros, mas isso será fruto da experiência que ganhamos com esse curta.

“A Caminho do Céu” ficará na nossa história. Para sempre.

Beijos em todos os coraçõezinhos (agora mais calmos) dessa equipe maravilhosa e de todos aqueles que nos prestigiaram no lançamento. Muito obrigada.

Bia
P.S.: Ainda estou esperando as fotos do lançamento para postar aqui!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ainda sei escrever... será?

Eu fui uma caca de pessoa nesses últimos dias. Nesses últimos meses, pra ser mais sincera. Primeiro veio a depressão, logo após o término das filmagens (descobri que se trata de um sintoma normal, até grandes diretores tem). Depois, começou uma angústia, um medo incontrolável de que nunca ficaria pronto, já que bastava ver o filme para encontrar alguma coisa para consertar. E no meio disso tudo co-existiam os problemas de todo dia. Haja fôlego!

E não teve dia em que eu não me sentisse culpada por abandonar o blog. Por várias vezes sentei à frente da telinha brilhante do meu pc e comecei a rascunhar um texto, uma observação ou um sinal de vida qualquer. Mas não saía! Passei por um bloqueio total, algo quase inédito na minha vida (já tive alguns bloqueios, mas nada tão intenso). Como o intuito desse blog é contar os percalços dessa minha investida como diretora, devo confessar (e alertar os possíveis futuros diretores) que a pior coisa do mundo é terminar um trabalho como esse, em que você se dedica de forma absurda, esquece do resto do mundo, e quando termina não tem nada nas mãos. É terrível! Eu voltei para o meu mundinho sem graça depois de navegar por mares totalmente desconhecidos, enfrentar tubarões e tempestades, me maravilhar com dias ensolarados e praias desertas, desvendar mistérios, encontrar o tesouro... E voltar para casa sem ele. É uma situação muito estranha.

Mesmo agora que tenho o filme pronto em minhas mãos parece que falta algo. As cenas passam diante de meus olhos e me reconheço nelas: há o meu toque, o meu olhar em cada momento. Vejo meus pensamentos em forma de imagem e minhas convicções delineadas em atitudes. Na verdade, nem deve faltar nada. Criar é soberbo. E mais soberbo ainda é manter-se humilde diante da sua própria criação. Assim me sinto: pequena demais perto disso tudo.

Bem, mas preciso contar como chegamos até aqui, não é mesmo? Afinal, esse filme não foi feito só de filosofias e conjecturas...

Logo após terminar de filmar, Leandro, Hunfrey e eu decidimos montar o filme. Eu gosto de dormir tarde, trabalho muito melhor na madrugada, mas igual ao Leandro... Ah! Na outra encarnação, com certeza, ele foi vampiro ou alguma criatura do gênero. Viramos madrugada e mais madrugada palpitando enquanto ele cortava, emendava, colocava efeito, tirava efeito, escolhia trilha... Trabalho duro. De gente grande.

Após vários dias de edição, aquele emaranhado de imagens e sons ganhou forma de filme e decidi exibir para algumas pessoas da equipe. Isso aconteceu durante uma peixada na casa do Hunfrey (nosso reduto para todos os encontros). Acho que foi uma das atitudes mais acertadas que tomamos. Não a de fazer o peixe. A de exibir o filme. (Ah! Fazer peixe também foi bom demais!) Não sei se todos sabem, mas as grandes produções tem exibições antes do lançamento, para um público selecionado que dá notas ao filme. Essa avaliação, em muitos casos, faz com que os produtores e diretores mudem o rumo da história prevendo um possível fracasso. Foi muito bom exibir o filme para o pessoal, pois eles puderam opinar e eu ouvi cada comentário que foi feito. O que mais me chamou a atenção foi sobre o ritmo. Eu havia estudado sobre isso logo quando comecei a me interessar por cinema, há uns dois anos. Voltei aos textos e pesquisei sobre o assunto. Concluí que a voz do povo é mesmo a voz de Deus (pelo menos nesse caso) e pedi ao Lê que fizesse algumas alterações na montagem. Acho que o curta ganhou muito com isso.

Mas ainda tínhamos o desafio de encurtar o filme para 20 minutos, requisito básico de muitos festivais. De onde tirar 4 minutos??? Corta daqui, enxuga dali... E lá se foram míseros 30 segundos. Corta mais um pouco. Agora só faltam 3. Ai, ai, ai. Então, tá. Reduz o início. Aquele lindo e melancólico início... Foi-se. 20 minutos.

Som. Eu bati o pé desde a primeira reunião que queria (porque queria) uma trilha original. O Leandro me convenceu a usar Beethoven, depois entraram umas trilhas legais aqui, outras ali... Quando vi, o som não tinha mais a cara que eu queria. Mas as possibilidades de conseguir alguém que compusesse algo realmente bom para o filme eram remotas. E então apareceu a duplinha Pery e Poti! Amigos do Leandro, adoraram o projeto e entraram de sola.

Eles são super profissionais nessa área, tem um estúdio maravilhoso no meio do mato (literalmente) e sabem o que fazem. Tive uma conversa breve com o Peri (que já tinha visto o filme) em que expliquei o rumo da história, os pontos de virada, o nível de suspense, etc. Foi realmente uma conversa rápida. Uma semana depois, estou eu sentadinha no estúdio pasma com o que ouvia. É isso mesmo. Se eu ouvir o filme de olhos fechados vou ter as mesmas sensações que teria se estivesse vendo as imagens. Eles são feras. Deram a tônica exata que eu queria, sem contar a sonoridade em geral, com todos os sons ambiente necessários para envolver o espectador e o mais importante de tudo: falas limpas, claras, perfeitas. Sem mais comentários, né.

Era hora de finalizar os créditos. Entre tapas e beijos fechamos também essa parte. Escolhe fonte, tamanho, ordem disso e daquilo. Muda tudo, começa de novo. Esqueci alguém! Volta e faz mais uma vez. Precisa colocar aquele cara que ajudou a gente, lembra? ... Mais mudança!

E então, chegou o momento de exportar o filme. Que rufem os tambores! Gente, foi um parto. Normal. E de gêmeos. O equipamento do Lê não agüentou o tranco (e olha que ele trabalhou muito) e quem nos socorreu foi o Julio, outro amigo do Lê. O Julio tem uma produtora bem bacana, a Pix, que faz trabalhos para o Brasil todo. Estávamos a um dia do prazo final para entrar no Festival de Brasília e tudo estava dando errado. Sinceramente, quase tive uma crise nervosa. Saímos da produtora perto da uma da madrugada, no último dia do prazo. Dormi agarrada com a fita Beta (que tive o prazer de conhecer um dia antes) e algumas horas depois a despachei para a capital. Ufa!

Muita coisa aconteceu depois disso. Consertamos várias coisas no filme. Quem faz sempre acha alguma coisa para arrumar. Mas algum dia você tem que acabar o projeto, nem que seja para poder começar outro (levarei essas palavras do sábio Edson Valêncio, pai do Pery e Poti, durante toda a minha vida). Ainda hoje, enquanto assistia mais uma vez, pensei que poderia mudar algumas minúsculas coisinhas. Outras, maiores, só a experiência me farão fazer melhor. Disso tenho plena consciência.

E se você, amigo possível futuro diretor, pensar que já estudou tudo, que já viu todos os filmes e que está pronto para enfrentar uma produção como essa relatada neste humilde espaço, desconfie de si mesmo. E estude mais, e veja mais filmes, e dirija pequenos trabalhos que vão lhe dar uma base impagável. Faz muita falta não conseguir se comunicar a contento com seu diretor de fotografia ou de arte; não conhecer todos os meandros da direção de atores; não ter confiança suficiente para criticar algum posicionamento que te desagrada; não saber exatamente como montar um cronograma de filmagem... Isso virá com a prática e o embasamento teórico que você consiga reunir. E são realmente importantes para que seu trabalho tenha um mínimo de qualidade.

Quando resolvi fazer esse filme, não imaginava realizar algo tão grande. Ao mesmo tempo, trabalhei na parte administrativa de forma que as possibilidades de ter algum furo no meio do caminho fossem remotas. Por isso, consegui cativar a todos da equipe, pois perceberam a magnitude desse projeto e o que ele poderia mudar no panorama da produção áudio-visual de nossa cidade e também em suas vidas, já que todos (de alguma forma) estão ligados ao cinema.

Muita gente não acreditou em mim. Me chamaram de maluca e duvidaram que eu conseguiria finalizar. Mas eu acreditei nas pessoas que convidei para integrar esse time e isso me deu confiança (apesar de alguns tropeços) para continuar acreditando no sucesso. Independente se o filme é bom, se as pessoas vão gostar (e gosto é igual c... rsrs), nosso sucesso está em ter feito o que muitos tentaram e não conseguiram acabar: meu roteiro virou projeto de uma equipe; o projeto virou filme.

Nada disso seria possível sem essas pessoas que se doaram em nome de um sonho, sem esperar nada em troca, apenas a oportunidade de participar. Reconheço a importância de cada gesto, de cada função exercida. Nunca me cansarei de agradecer e de abraçar cada um de vocês, meus amigos.

E vamos parar de choradeira! Senão, dia 23 não terei lágrimas para derramar e borrar minha maquiagem. Pasmem, colegas de equipe. Eu usarei maquiagem no lançamento! Rsrsr... E ainda arrumarei o cabelo! Rsrs.
E que venha "O Próximo"!

Beijos,

Bia

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

E essa é a Valquíria...


Eu comecei a escrever este texto com vários sentimentos misturados: saudade, expectativas, carinho, amor e compreensão pelo próximo, mais saudade e um desejo enorme de trabalhar com a mesma equipe do A Caminho do Céu. Tudo bem que hoje estou sentimental e eufórica ao mesmo tempo, então... esse texto vai estar complexo (rs...) Atenção...Todos os momentos que serão descritos aqui, foram os que me marcaram. Todos, sem exceção, trabalharam e muito neste filme. Sorry se esqueci de alguém, tenho de verdade um leve problema na memória :x

Quando lembramos da longa caminhanda que fizemos para realizar este curta (ouvi na minha cabeça aquela música celta, toda feliz do Senhor dos Anéis ¬¬), continuando... a gente percebe que na verdade foi curta.

Poxa vida... parece que passou tudo tão rápido, os nossos (o meu com certeza) finais de semana que vieram não tinham sentido, porque...a gente não tinha que ir pra Ipigúa; não tinha que passar frio e medo na última cena; não tinha aquela hora pra ficar conversando enquanto os meninos montavam e desmontavam as luzes; não tinha que arrumar figurante pra andar até Mirassolândia de ônibus; não tinha que sair correndo para tentar pegar um fresnel que estava caindo no chão; não tinha que arrumar a peruca do Hunfrey e depois ver ele dançar Michael Jackson; não tinha o abraço apertado da Karen; não tinha as brincadeiras intermináveis do Cabelo comigo (ps. tirando isso ele trabalhou muitooo muito mesmo, até passou frio, tadinho); não tinha a Bia, extremamente concentrada na gravação de todas as cenas e que nem ficou brava; não tinha a Mayla e a Karol ali pra me ajudar em tudo o que fosse preciso, tirando o ciúme da Karol quando só ia eu e a Mayla buscar alguma coisa pra cena; não tinha o Daval, com toda aquela serenidade, que arrumar o lenço no paletó do Hunfrey; não tinha a dupla mais do que perfeita Leandro e Macaco pra rir de qualquer coisa (sem falar do profissionalismo dos dois... eles são como goiabada com queijo, arroz com feijão, pipoca com cinema); não tinha a Gianda pra fazer a continuidade embaixo daquele super sol e ainda tirar fotos; não tinha a completa transformação da Carla em beata e sua incrível atuação; não tinha o Rafa com seus comentários incríveis e feitos na hora certa e o Rafa com suas ideias macabras e aquela paciência exclusiva; não tinha a Flavinha lá no cachorro quente, perto do hotel, onde eu realmente vi que mulher forte ela era, não tinha o Bordon com sua nova filha, sua baby camêra, filmando tudo e mais um pouco; não tinha o fofo do Valmir sempre prestativo e que me ajudava a pegar as folhas para enfeiar a praça; não tinha o Franklin todo preocupado em estar presente nas gravações e que quando gravou fez tudo certinho; não tinha o Ney que através de um simples papel transformou toda a cena; não tinha o Carlinhos pra carregar o travelling junto com os meninos e claro, não perder a piada; não tinha o Emerson, embora quieto, sempre estava lá ajudando os meninos; não tinha a Mona toda estilosa pra rir gostoso com a gente e fazer o make-up da Karen; não tinha a Paty toda calma e tranquila, sempre pronta pra te dar um sorriso (de graça); não tinha o casal Rene e Ermínia, ou melhor, o casal experiência misturado com felicidade; não tinha os grandes filhos de nossa grande diretora Bia, o Raul e a Maria Clara, que a gente também pode chamar de anjos ajudantes; não tinha mais e-mails com as fotos lindas do Helinho; e finalmente, porém não menos importante, não tinha a presença do Fernando com aquela cara de bravo, mas que me deu dinheiro pra comprar bis pra todo mundo comer como sobremesa depois do almoço. Aaa... e agora não tem mais aqueles e-mails diários de toda a equipe se comunicando.

Tudo bem... aos poucos eu vou aprendendo a não conviver com tudo isso, e aguardo, ansiosamente que a gente se reencontre. A mesma equipe, a equipe do curta-metragem "A Caminho do Céu". Uhulllllll... acabou... pronto, parei =D
Valquíria Menezes
Produtora / Diretora de Platô

Esse é o Cabelo!


Hoje, domingo chuvoso, noite fria, 23 de agosto de 2009, começo deixar minhas palavras nesta folha digital sobre o curta-metragem A CAMINHO DO CÉU, de Bia Lelles. Algumas semanas após o término das gravações e agora quase ao fim da edição sinto-me quase preparado para isto, repito quase!!
Não me lembro bem como tudo começou, nem como fui convidado, mas o que sei é que lá estava eu, numa das primeiras reuniões, pude então conhecer as pessoas que, a partir daquele dia, seriam a minha família nos finais de semana. Diretora Bia, algumas pessoas que viriam a fazer parte da produção, alguns atores e o ator/produtor/diretor/e.mais.um.montão.de.TOR – Hunfrey, que no caso já o conhecia. Fizemos a primeira reunião, ficamos sabendo do roteiro, quem iria participar, onde seriam as gravações, etc... Ai depois disso fudeu tudo né, meus finais de semana e do resto da equipe já era. Vamos lá conhecer Ipiguá, a cidade onde o curta foi rodado. Cidade bonita, aconchegante, é mais pra frente voltarei neste assunto de aconchegante... Então conhecemos a Igreja, a Praça, a Praça, a Igreja. É! Tudo em demorados 10 minutos, cidade pequena moçooo !! Tá vamos desempacar, virar a direita e seguir em frente. Depois disso começamos a fazer reuniões com a equipe já completa, na Faculdade, na casa do Hunfrey, numa casinha de sapê (brincadeira gente rs !!!!!!).
Passamos a ir para Ipiguá e reuniões freqüentemente, e ai depois de um certo tempo sentimos falta de algo não muito necessário nos dias atuais, dinheiro para fazer o filme, então alguém do grupo deu a luz-ideia de fazermos uma rifa de um DVD para arrecadar verbas !! Bom, depois disso o caminho segue, com a rifa, barraca na festa-junina na faculdade, etc...
No meio deste tornado ganhamos paginas em jornais e blogs, assim criando dês de já o gostinho da fama, pequeno, mas saboroso. Agora sim, começamos as gravações fomos a Ipiguá pela manhã que eu me lembre, mas o que aconteceu é que já que estávamos A CAMINHO DO CÉU, ele mesmo nós jogou obstáculos como a tempestade que surgiu no mesmo dia, ficamos lá até anoitecer para as cenas noturnas que seriam dentro da igreja. Enquanto isso pude assistir REC... E vamos lá cenas noturna-igreja-ação, que ação que nada, espera ai, vamos montar a iluminação, puxar cabo, montar traviling, isso tudo num frio de matar, depois disso sim – AÇÃO - . Gravamos madrugada a fora, e tem gente que diz que esse bando de louco que meche com essa coisas de cinema não faz nada, massss blz !!!.

Parte 2 – 30/09/09 _ Tudo resumidamente junto tudo.

Retomando a madrugada fria. Que para mim acabou ficando mega-gelada após o término das gravações... Depois de tudo, vamos dormir ?? .... Boas Novas, Leandro me deixa a barraca para passar a noite. Chego à ela, encontro duas pessoainhas à dormir dentro dela, onde fui dormir ? No carro do Leandro, tão frio, mas tão frio, que não deu... a noite virou dia, o frio virou praça, praça virou pasta(DENTAL, bom dia, agora sim tomo o meu banho de sol para esquecer quantas vezes meu dentes bateram.... e Assim seguiu as gravações em IPIGUA, cada vez mais excitante, mais apaixonante... Cenas na igreja, na praça, na casa do Padre, e assim encerra-se as cenas em Ipigua... Black River és tu agora... Fomos até o Hotel para continuar as gravações...STOP... lembrei de um “fato ocorrido” na noite fria da Igreja... só para não passar em branco, ventou !!!! e foi forte viu !!! derrubou nossa iluminação !!! mas não da nada não, nem é caro os equipamentos !!! ............ GO HOTEL .... É um sobe e desce de elevador, que aaa aaaa ,aaaa, aaaaaaaaaaa MULHER QUE FICA DENTRO DELE, PORRA QUE NÃO ME LEMBRO O NOME, nunca deve ter trabalhando tanto !! ... monta equipamento, puxa cabo, tudo novamente !! Melhor cena do dia... objetos voam !! se estilhaçam ao chão e a cruz está de ponta cabeça !!! ( Padre QUEMEDOOOOOOOOOO !!!! ). Daiiiiiiii. Pulo logo para a cena do CANAVIAL... essa eu só posso comentar o pré filmagem.... Cabos meio a canas, luzes ao CHUPA-CANA... e derrepente.... Oisssss Mininoss .... Seis vai bota fogo ai na minha cana hemmm, aiii meus gado fica sem o que cume, e da processo hemmmmmm !!!!!! ....... Bom, tudo montado, vamos relaxxxxxxxxaarrrrr .... néééé ..... ladeamos a fogueira neste noite.. fogueira abaixa, buscamos lenha, fogueira abaixa joga uma arvore lá.... NÃO, JOGA O CABELO !!! É, quase !! mas não estava tão frio assim, e eu nem queria mesmo brincar de pular fogueira !!!! ..... Depois disso montagem do cenário... estende toalha, corta vela, constrói vela, acende vela, descasca arvore..... meu deus sai sangue dessa arvore ... ALGUEM AI SABE O NOME DE UMA ÁRVORE QUE TEM A SEIVA VERMELHA COR SANGUE ?????? ..................
Ultima cena acontecendo .................................. muito trabalho........................ BIS pra comer ........................... Biscoito, biscoito com sangue artificial.... essa receita vai pra TV um dia !!! e depois mais um pouco de cena final !!! ..... ééééé, não vou contar a ultima cena não .... vão ter que assistir !!! OBS: a ultima cena demorou +ou- 8 horas !!!

Peço desculpas pelas pessoas e assuntos não citados, pelos erros de ortografia e acentuação, pelo desleixo da forma que escrevo este texto, todo ele de madrugada... e peço também que todas as pessoas do mundo assistam a este filme, para que um dia eu fique rico e famoso.... hehehehehe .... a tah como se ganhássemos para fazer cinema, e aparecêssemos tanto !!!!


Ultimas !!!

O homem nasceu condenado a trabalhar por toda a vida, e assim ser escravo do meio em que vive... Felizes quando crianças somos nós, pena que descobrimos tarde demais. Quando descobrir, sorria e volte a ter o mesmo brilho em seu olhar e passe a se apaixonar pelo que faz. É a única forma que o homem tem de não trabalhar o resto da vida, e sim brincar e se divertir com aquilo que ele faz e ama fazer todos os dias. Você estará liberto !!!

Eduardo Farias de Oliveira
Mais conhecido como "Cabelo"

terça-feira, 25 de agosto de 2009

E agora?

Sinto como se tivesse caído num buraco negro, aonde telefones não tocam, não chegam e-mails ou qualquer outro tipo de comunicação. Aqui no fundo é frio e só penso em ficar enrolada no edredom (que consegui arrastar comigo enquanto caía) e esperar. Esperar que alguém me resgate desse estado de inércia absoluta.

Vivi um turbilhão de emoções durante as gravações do filme. Simplesmente não vi os dias passarem e sequer senti cansaço. Flutuei sobre o chão e não fui eu. Tanto que agora, passada toda a correria, não consigo me encontrar. Parece que o buraco fica mais negro e mais fundo a cada instante. Quem sou eu, afinal?

Será que algum diretor iniciante, como eu, já sentiu isso? É tão estranho... E ao mesmo tempo, tão normal. Telefonemas, caixa de e-mails lotada todos os dias, decisões e mais decisões a tomar. E agora, meu Deus? O que fazer dos meus dias se o que me resta é somente esperar????

Dramática. Essa sou eu. Confesso que as coisas não estão tão paradas assim. Estamos editando! É uma nova fase na produção do filme, um quebra cabeças feito pra gente bem grande montar. Eu fico só olhando o Leandro cortar, juntar, apagar, colar, cortar de novo, apagar tudo... afffff... Na grande maioria das vezes, não preciso mudar nada do que foi feito, pois estamos muito afinados com relação à história. Parece que ele lê meu pensamento... E aí, ao final de cada cena montada me deparo com o radicalismo do Genaro, me surpreendo com a meiguice da Heloísa, acompanho as beatas até a igreja. Nem parece que escrevi tudo aquilo.
É muito grande pra ter saído de mãos tão pequenas...

É bem provável que até o final de setembro tudo esteja pronto. Pretendemos terminar de montar até o final dessa semana. Depois o filme vai para a sonorização e pós-produção.

Estamos acabando, crianças.
E olha o frio na minha barriga de novo... Agora basta pensar na estréia... Ai, ai, ai!
Beijo e aguardem notícias.
Bia

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Enfim, a última cena

Tantas coisas aconteceram desde que entreguei nas mãos do Hunfrey uma cópia do roteiro do filme! E agora que acabou essa segunda fase do projeto, posso confessar: faltou um tiquinho assim para que eu surtasse de vez. Porque eu vivo transitando entre lucidez e loucura (e o Fernando sabe bem disso...), mas nesses dias de angústia eu quase passei ao estágio que leva à internação.

Depois de noites e mais noites mal dormidas, enfim dormi pesado. Sonhei com um monte de coisas estranhas, mas, por incrível que pareça, nada relacionado ao filme. Agora, definitivamente, ele não é mais meu.

Desde o começo eu venho dizendo o quanto é difícil produzir um filme sério. Sair com “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” não funciona mais nos dias de hoje. Pelo menos não para simples mortais como nós. O Glauber era um outro tipo de ser. Pra gente assim como nós, que rala um monte todo dia, que atrasa uma conta para pagar outra, que amarra porta de carro batido com cadeado de bicicleta (que ninguém conte aos ladrões de carro, por favor), fazer filme requer um cuidado e um empenho muito maior.

Preocupamo-nos com todos os detalhes que pudemos lembrar. É claro que faltaram muitos, eu já consigo visualizar uma “pá” deles. Mas se considerarmos que todos estávamos ali dando a cara pra bater, tentando fazer algo que nunca tínhamos feito antes, posso dizer que fizemos um excelente trabalho.

Não há um detalhe na cena que não tenha sido pensado pela direção de arte. Não há uma cor de roupa que não tenha sido estudada pela equipe de figurino. Não há um detalhe na fotografia que não tenha sido matutado pelo diretor de fotografia. E mesmo quando tudo não funciona (como as velas de 1,99, por exemplo), nossa criatividade bate recorde: pavio de barbante embebido em óleo automotivo serve pra quê? E pra colocar o pavio dentro da amaldiçoada vela de 1,99? Use um grampo, oras!

E assim foi desde o começo. Compramos tudo do mais barato. Fiz e refiz contas e mais contas para o dinheiro ser suficiente... E não foi. Mas pra quê serve cheque pré-datado e cartão de crédito nessa vida?

Eu cresci muito nesse processo todo. Aprendi a delegar. Aprendi a confiar nas pessoas subordinadas a mim. Aprendi que, às vezes, é melhor respirar fundo e dar uma volta pela praça, ao invés de dar um esporro em alguém. Aprendi a esperar o tempo dos outros. E aprendi a ser gentil e me impor também. Perdi o medo abraçar forte. Seja quem for que estiver do meu lado.
Cresci muito neste último mês. Como pessoa e como profissional. Percebo agora como a cada nova cena fui me sentindo mais a vontade no set; como elevei meu nível ao conversar com o Leandro (que me ensinou muito do que sei agora); como consegui falar olhando nos olhos dos atores. Devagar fui perdendo o medo, devagar fui incorporando a diretora.

E que medo eu senti nessa última semana.

Tudo passou por essa cabecinha maluca: de não dar conta de dirigir a cena fatídica a ser excomungada pela igreja, pensei em tudo. Um milhão de vezes o pensamento de mudar tudo na tal cena me atormentou. Não dormi. Briguei com o coitado do Fernando por tudo. Roí unha. Comi muito. Tudo. Tudo. Tudo.

Mas resisti. E falei alto, olhando pra mim mesma no espelho: “Que merda de diretora você quer ser, afinal???” Respirei fundo, chacoalhei a cabeça e espantei todos os demônios que me perseguiam. Que se danem todos eles.

Prêmio nenhum no mundo vai superar a alegria de poder compartilhar um set com o Leandro. De encontrar o olhar cúmplice da Gianda durante uma cena. De ver a Valquíria correndo de um lado a outro. De perceber os meninos, Rafa (sempre pronto pra tudo), Cabelo (importunando a Valquíria), Macaco (adotando corujas e comendo bananas), Raul (meu filhote querido e super competente), carregando tudo pra lá e pra cá. De me emocionar com a atuação desse elenco surpreendente. De ver o bom humor da Karen, mesmo quando tudo contribuía para ela explodir em milhões de pedacinhos.

De nem lembrar do Fernando durante o final de semana inteiro. Mas ter certeza de que tudo estava em ordem porque ele estava lá.

E são só alguns exemplos. As meninas, Mayla, Karol e Flavinha, aprenderam (como eu) o que é produzir um filme. E o Daval sempre atento e com uma informação pertinente a dar.

Então, é isso. Finalizamos ontem a segunda etapa do filme “A Caminho do Céu”. Agora é hora de editar, sonorizar, colocar trilha. E contar os dias para ver tudo pronto!

Eu até pensei em contar os detalhes da noite de sábado. Mas o talento de um menino quietinho, meio tímido, falou muito mais alto. Abaixo, um texto delicioso dele que dispensa comentários.

Obrigada a todos vocês, competentes (e corajosos) integrantes da equipe “A Caminho do Céu”. Ainda trabalharemos muito juntos!

Beijo.

Bia

Madrugada de sábado
por Valmir Mandeli
Madrugada fria de sábado pra domingo. Últimas captações de imagens para o curta A Caminho do Céu de Bia Lelles, no sítio da família do Hunfrey.

Uma vaca mocha, malhada, mascando chicletes, nos deu as “boas vindas”, sentada/deitada (sei lá) debaixo da figueira, logo após o mata-burro e pouco antes da milionésima oitava porteira.
A noite sem nuvens, porém muito escura, pediu uma fogueira pra iluminar e esquentar os corpinhos desprovidos de agasalho.
Jimmy Handrix e Janis Joplin criaram um ambiente descontraído.
Uma lua gigante subiu em meio às jabuticabeiras, mas ainda não conseguia iluminar o encerado estendido no pasto, ao redor do qual, tudo acontecia.
Aviso aos navegantes: Nunca compre velas de 1,99!!
Ter que tirar os pavios e colocar outros melhores. Acredite, é serviço de preso.
Enfim, a rotina foi essa:
Coca cola, guaraná, banana, pão com presunto e queijo...
Cata gravetos aqui, joga na fogueira.
Pisa no cocô de vaca.
Regaça a perna no capim.
Janis Joplin...
Da-lhe rolinhos no cabelo da Karen.
Fotos.
Gravetos, galhos ... tudo pra fogueira.
Banana.
Monta grua. Monta equipamento de iluminação.
“Tem uma luz branca lá...que que é aquilo?” olha o Hunfrey querendo fazer medo no povo!!
Galhos secos de jabuticabeira...pro fogo!
Jimmy Handrix
Velas. A saga continua. Tira pavio que não presta, coloca novo... É meu filho, era um monte... num tinha fim !!!
Coca cola.
Alimentar fogueira. Dessa vez, achamos uma árvore inteira.
Vamos brincar de jogar o Cabelo no fogo?
Regaça mais a perna em qualquer coisa que não dá pra ver porque tá escuro.
Pisa em mais cocô de vaca.

Vamo lá? gravando!

Muda a atmosfera. Muda ambiente.
A fogueira se vê minguando, minguando até virar um pontinho vermelho no meio do breu.
O frio aumenta, as emoções também.
Marcondelli captando as nuances.
Dor em uns, ansiedade em outros.
Tudo acontecendo e Rafa de costas, contempla o canavial...
Valquiria vira claqueteira.
Sangue de Eloísa com biscoito vira paixão nacional.
Chupa cabra vira “Chupa Cana.”
Amarra Karen.
Cobre, descobre. Cobre, descobre.
Pausa para um pips. Não! Para! Mesmo no meio do mato elas vão em duas!!! Que mistério é esse?
Hunfrey com tatoo em interpretação que dá “rupeio”
Cobre Karen, descobre. Cobre.
Cadê o martelo? Cadê o fone de ouvido do Macaco?
Cobre, descobre.
Som de baile funk lá loooonge.
Bia. Não sei se tensa, contente, cansada... Ou num turbilhão de sensações, incorporada em uma coisa só: Diretora.

Fim das filmagens da madrugada. O desejo de quase todos é um banho quente, um copinho de leite com chocolate e cama. Devido ao cansaço muitos ficaram só com a cama mesmo e o resto que se phoda!
No caminho de volta, a vaca mocha com seu chicletes interminável ainda estava lá... mas descobriu-se na verdade, que depois que passamos saiu voando com suas asas de borboleta, sem os membros, pois não os tinha e exibindo sua barriga “malhada”.









quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Agradecimentos



Não posso deixar de agradecer a todos que deixaram comentários, enviaram emails, telefonaram ou vibraram pessoalmente comigo em comemoração ao Prêmio Nelson Seixas e também pelo lançamento do teaser. Recebi muito carinho esses últimos dias...


Qualquer prêmio é importante e traz muita satisfação e reconhecimento ao trabalho da gente. Mas a alegria maior que posso sentir é pensar em cada um da equipe que leu o roteiro e topou entrar nesse projeto sem ganhar nada financeiramente. Poder olhar para cada ser que aceitou"perder" seus finais de semana, dormir no chão (ou dentro de igrejas), ficar sem banho, comer pouco (isso é bom para o corpinho, vai...), passar frio... Sem receber nada. Sem ao menos ter a previsão de ganhar algum dinheiro com isso. Sem ter idéia se essa loucura toda ia dar em algum lugar.


Como disse minha querida Gianda, "somos malucos". Todos vocês são ainda mais malucos que eu, pois confiaram em mim!!! Hoje já podemos olhar para trás e vermos que nosso trabalho rendeu, cresceu e está tomando forma... Muitas coisas boas estão acontecendo e outras melhores ainda virão... Mas, independente disso, trocar conhecimentos com vocês todos (qualquer intervalo entre as gravações vira um sarau), rir das palhaçadas de alguns, aprender com a manha dos mais experientes, ver o dia se transformando em noite pelas mãos mágicas do Leandro, falsear espaços, enganar cachorro com presunto, assistir filme de terror com o Rafa, adotar filhote de coruja, comer salgadinho de isopor e pipoca doce para enganar a fome, assistir aos "covers" do Michel Jackson - Hunfrey e Carla, chorar de emoção escondidinha no final da cena... Nada disso tem preço, nada disso poderá ser pago com prêmio nenhum do mundo!


Um beijo a todos vcs, meus amigos. Espero poder trabalhar muito com vcs ainda. Espero aprender muito, muito, muito mais com cada um de vcs!


Nosso objetivo era fazer um curta. Mas estamos fazendo História.

Afinal, quem é que já vendeu rifa pra fazer filme??? Hein?


Bia

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Dias de glória...rs

Estou tão elétrica que mal tenho condições de escrever. Já gritei e pulei hoje tudo o que tinha direito e um pouquinho mais... Saí abraçando todo mundo, sorrindo para todo mundo, vibrando com cada parabéns... Ai, que sensação boa!
Mas chega de mistério, né?! Toda essa explosão de sentimentos se deu por duas coisas: primeiro pela maravilhosa recepção que o teaser do filme vem tendo e segundo, porque hoje recebi a notícia que o roteiro do filme recebeu a primeira colocação no Prêmio “Nelson Seixas” de São José do Rio Preto.

Não vou agora ficar falando como miss que acaba de ser coroada, mas não dá para negar que esse prêmio traz um reconhecimento enorme ao meu trabalho como escritora e, principalmente, roteirista. Os trabalhos foram julgados em São Paulo por uma equipe de profissionais da área e seguiu uma série de normas. Tudo isso, mais o fato de que a equipe que hoje trabalha comigo aceitou esse desafio com ou sem prêmio e brigou pelo projeto junto comigo, me fazem estufar o peito e dizer em alto e bom som: SOMOS CINEASTAS!

Um céu cheio de fogos de artifício para todos vocês,

Bia

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Teaser - A Caminho do Céu

Este é um momento espetacular para mim (e acredito que para todos os integrantes da equipe): o teaser do filme está pronto!!!!

Nem vou falar mais nada... Afinal, "uma imagem vale por mil palavras", não é mesmo?

Curtam esse aperitivo para o que ainda virá por aí...



A edição é do diretor de fotografia Leandro Marcondelli. Se eu for discorrer sobre a dedicação desse menino iria noite afora escrevendo... rsrs. Valeu, querido!


Beijos,

Bia

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Entrevista Canal 15

Hoje participei de um bate-papo gostoso com a apresentadora do programa "Feminina", Luciana Curtiss. O programa faz parte da grade do canal 15, Camera Set, e dá ênfase ao que acontece aqui na nossa região. Minha entrevista entrará no quadro "Pessoas que fazem a diferença". Conversamos sobre o filme, projetos, minha atuação como diretora, realização de sonhos... Enfim, muitas coisas que todos poderão ver quando o programa for ao ar. Assim que eu souber a data informo aqui no blog.
Desde já, agradeço à produção do programa que me recebeu muito bem, às estagiárias Amanda Marchini e Gisele Martello (minhas colegas de faculdade!), à Luciana Curtiss (que é um doce de pessoa), e à Gianda que conseguiu mais esse espaço. Essas mulheres é que fazem a diferença!
Abaixo, mais alguns emails da turminha de arteiros que compõe a equipe do filme "A Caminho do Céu". Não dá para não publicar... Peço sempre que eles coloquem nos comentários, mas os teimosos insistem em enviar por email... rsrsrs... Aí, eu coloco aqui! Podem brigar comigo, agora já coloquei mesmo... rsrs
"Pessoal, fala aí: que surreal as gravações de ontem, não? Aquele hotel mal assombrado! É quase a origem de uma história de terror: uma turma de cineastas vão gravar algumas cenas de um filme num hotel velho, repentinamente alguns integrantes da equipe começam a ver vultos, passam a imaginar coisas, o dono do hotel fala que realmente acontecem coisas estranhas lá dentro e, por fim, muita coisa sinistra acontece. Ainda bem que nada de sinistro aconteceu, não?, mas aquele hotel é muito show! Aquela entrada, aquele elevador, aquela sala circular (já pensou se tivesse um carrossel ali, com cavalos subindo e descendo e uma música de parque de diversão embrenhando o lugar? Aposto que no passado tinha um), aqueles corredores, os quartos... os telefones vermelhos... Não tenho certeza se estávamos num lugar normal, alguém tem? Hehe...
Viu o que dá gravar? Não teve um único dia de gravação que eu participei que não teve alguma coisa estranha, alguma coisa incrível, conheci tantos lugares incríveis, tantas coisas aconteceram! É por isso que eu adoro gravar, participar das filmagens, sem falar na turma toda! Nas pessoas que eu conheci, são todas muito d+! Aposto que está todo mundo curtindo, não?, mesmo que canse um pouco, um monte de coisa nova acontece! Por isso, estou dentro de tudo!
Estou muito ansioso para ver esse filme pronto! Cada dia que passa, tudo parece se encaixar, esse quebra-cabeça (e quebra mesmo, não é, Bia?) vai se encaixando cada vez mais, vai virando, vai acontecendo e vai se formando! No final vamos ter um filme! Estou empolgado!

Ah, e o pessoal ontem me cobrou uma coisa, fiquei devendo para todos a minha crônica (ou vai saber o que é aquilo) Invisível o pessoal está cogitando uma adaptação... Para quem ainda não leu o texto, vou colocar aqui, e quem quiser ler no meu blog, também pode, o blog é
http://bardorafa.wordpress.com. Estava pensando em passar os meus contos para vocês; como eles são compridos, não consigo colocar no blog, mas posso passar em PDF para quem quiser. Quem quiser, me manda um e-mail, assim eu monto uma lista de e-mails e envio sempre que tiver um pronto.

Abração do Rafa Airovski!"
Assistente de Fotografia
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"Gravações no hotel São Paulo,

Muito bem pessoal, parabéns a todos, podemos dizer que temos experiência no quesito produção de curta-metragem, rsrsrs, vi que todos se empenharam neste último final de semana, apesar de ser um pouco apertadinho, mas tudo bem, houve um revezamento pra ver/assistir o Genaro quebrar o quarto todo, apesar que eu mesmo não presenciei, mas tudo bem, vou deixar para assistir numa tela grande, rsrsrs. Mesmo assim creio que a coisa fluiu muito bem, ganhamos até uns aparelhos telefônicos de brinde, e vermelhos, rsrsrs (ohh, o vermelho que aparece do nada e entra em cena), e somando este e outros detalhes vi em algumas partes que as cenas ficaram muito boas, o trabalho de equipe foi essencial, e o Hunfrey estava muito bem concentrado. Também vi que a fotografia ficou excelente, o quarto da locação foi perfeito e contribuiu para ajustar todos os enquadramentos, bem, isso deixa pro Leandro, rsrsrs.
Nossa diretora Bia Lelles estava confiante, acho que pelo fato de ver tanta gente tão próxima, rsrsrsrs.
Enfim, todos esses dias tomando 89 copos de café, e 158 copos de água por dia, este humilde escrevedor tinha que escrever um pouco sobre o curta e parar de tomar tanto café e água., rsrsrs, para diminuir a ansiedade de chegar logo o fim de semana, rsrsrs.

Abraços a todos e vamos em frente."

Daval
Diretor de Arte
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"Bom, Galera .. pelo meu pouquisimo pequenino tempo ... apenas digo que amo muito tudo isso ...óóó q SLOGAN hemmmm ...rs ....... bom toda equipe está de parabens ...... ao mesmo tempo q nao vejo a hora de tudo chegar ao fim, pq sera um novo começo, a estreia de um curta, gostaria que nao termisse... o que sera de minha vida depois ??? ........ !!! rs .... então até a proxima, que tudo somente melhore !!! ... GI fico feliz pelo contato com as TV's ... abraço e beijos a todos !!!"
Eduardo "Cabelo"
Assistente de Fotografia
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"que lindoooooooooooooooooooooo..tudooo!!!!! Rafa e Daval, adorei o email de vcs!!! =DGianda...mtooooooooo legal a iniciativa da entrevista!!!!!!!Biaaa...agora sou um anjo da guarda hehehehe que lindooooooo adoreii!!!to aqui pra ajudarrr e naada de ficar famosa e nao me dar um autografo hein??? ahusahusaaaa..as fotos do helio estão lindas neh??? estou tao feliz, e como disse o cabelo, ao mesmo tempo q quero ver o trabalho concluso, nao queria que acabasse!!! ai...acho q no fim vou chorar ¬¬ beijooooooo para todos"
Valquiria Menezes
Diretora de Platô
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"Estamos na reta final desse nosso projeto ... A cada dia que passa, a ansiedade aumenta... e a "fome" de ver esse trabalho concluido, nos devora!
Passamos frio ... calor ... medo ... ficamos sem tomar banho (rs) ... Mas tudo isso só nos fortalece e nos torna a cada dia mais unidos (Afinal, amigo é pra essas coisas).

A cada gravaçãoo, alguma coisa nos surpreende ... Nesse ultimo domingoo, "desenterramos" 40 telefones vermelhos, rsrs
A equipe toda com um na mão ... Telefones que eu não via há muitoooo tempo, e olha que eu nem sou tãoo velha assim kkkk

O mais legal de tudo isso, é que sempre aprendemos algo a mais... No Hotel por exemplo, aprendemos a saciar a fome com pipoca doce e salgadinhoo de isopor.. Nunca esteve tão bom aquele lanchinho!!!

Mas é isso aii pessoal, estamos a um passo do céuu ... e logo logo, chegaremos ao paraíso !

Deixoo algumas fotinhas minhas tb ^^

e no meu blog, tenho postado sempre algo sobre o projeto :
http://monaluizon.wordpress.com/

Um beijoo, e até a próxima !"
Mona Luizon
Maquiadora

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"Poxa galera, posso dizer que está sendo muito divertido estar com vocês ... Fora estar desenvolvendo um trabalho de alto padrão, certo??.
Estou muito contente pelas pessoas que conheci, pelos momentos legais, pela junção de idéias, pelo introsamento, pelo troca de conhecimento e por um sonho que está vindo a se concretizar, fazer cinema."

Alexandre Bordon

Making off




quarta-feira, 29 de julho de 2009

Paixão Maluca


Eles são malucos. Adoráveis também, inteligentes, competentes, profissionais, mas sempre malucos.

Não acordam muito cedo, é verdade, mas só vão dormir depois de muito trabalho.

Dormem no chão, no frio, até a igreja já virou quarto e os bancos a cama para acomodar alguns deles.

Mágicos e ilusionistas são capazes de transformar a escuridão da noite e em amanhecer do dia. Se for necessário, também podem encher um quarto escuro de hotel com os raios mais fortes do sol.

Só mesmo gente muito doida consegue fazer isso.

São fortes também, carregam toneladas de peso, pra lá e pra cá, sobem e descem, arrumam tudo, ajeitam aqui e ali e desarrumam tudo só para arrumarem de novo em outro canto. E assim vai, e assim não param.

Dizem que é o amor pela arte, pelo cinema. Não se entende muito bem essas coisas, mas até faz um pouco de sentido. Afinal, é assim que ficam as pessoas apaixonadas não é? Se empenham tanto para ver um simples e belo sorriso. Eles também, trabalham duro, horas e horas para filmar apenas alguns segundos de uma cena, um olhar, uma emoção.

Só pode ser coisa de maluco mesmo.

O engraçado é que quando tudo termina se sentem os mais felizes do mundo, com prazer na alma, no coração. Querendo mais, mesmo sem ganhar, financeiramente é bom ser dito, porque todos compartilham juntos da mesma experiência, da mesma sintonia e harmonia e de como estão sendo enriquecidos com conhecimento, aprendizado, trabalho em equipe e por que não, amizade...

É aquela sensação boa no peito, como quem constrói e realiza um sonho, conclui uma obra, compõe uma linda canção.

É verdade.

No campo da arte, do imaginário e da imaginação, do subconsciente e do subjetivo nada é produzido pra ninguém. Há de haver sempre um, no mínimo, pra se comunicar e interagir. E essa vontade de produzir, se doar e ser acrescentado é o que deve motivar esse grupo de malucos a se unir e se reunir pra juntos percorrerrem um caminho que vai além do que se possa imaginar.

São malucos então?


Gianda Oliveira


*A Gianda acumula as funções de continuinista e "claqueteira" (mais fashion da história do cinema, diga-se de passagem) em nosso filme.

terça-feira, 28 de julho de 2009

O brilho das garras


Eu acreditava que não me emocionaria mais com a magia do cinema por estar trabalhando atrás das câmeras. Pensava que seria mais ou menos igual quando era criança e desmontava os brinquedos para ver o que tinha dentro; ou quando deixei de acreditar no papai Noel depois de ter descoberto que sua barba era falsa... Ledo engano. A magia que envolve o cinema é muito maior que tudo isso, muito mais forte do que se possa imaginar! Mesmo criando uma história, escrevendo um roteiro e conduzindo a transformação dessas linhas em imagem e som, ainda venho me emocionando a cada novo dia de filmagem. É incrível como a história ganha vida própria na tela! Por mais que eu tenha feito à marcação da cena e escrito o diálogo, não reconheço o que vejo na tela do meu retorno... Surpreendo-me (ainda que saiba exatamente o que vai acontecer), me emociono, me alegro por ver a amplitude daquele momento.


Escritores, de um modo geral, não podem ser egoístas com suas histórias. Cada um que lê cria algo diferenciado, enxerga um detalhe que o próprio criador não viu... Quem escreve para cinema, então, é desafiado de forma ainda mais assustadora. Assim que o cenário é montado, que os atores estão caracterizados, que a luz natural foi modificada para a cena, a criatura-história mostra suas garras. Ela afia as unhas e desafia o escritor para um duelo. Eu me rendo a sua imponente vontade... E deixo que tome seus rumos caminhando pelas estradas que criei, para depois me ver sorrindo (e com olhos marejados) no reflexo da tela do meu monitor.

Essa magia esteve presente o tempo todo no Hotel São Paulo neste último final de semana, quando gravamos duas cenas do filme. E, talvez por se tratar de um prédio antigo, de belíssima arquitetura, voltei de lá trazendo uma melancolia gostosa, uma saudade de algo que nunca tive. Então, percebi que era saudade da minha história, pois ela simplesmente se foi, pegou as rédeas de seu destino. E cresceu diante de meus olhos imaturos...

O mais surpreendente neste momento, para mim, é que esse sentimento está se transformando em algo reconfortante, parecido com dever cumprido. Meu dever não está nem perto de estar cumprido, mas já consigo visualizar uma pontinha de satisfação pelo trabalho feito até agora.

As cenas feitas no hotel eram cheias de detalhes e isso nos atrasou um pouco. Hunfrey e eu estávamos mais preocupados com a segunda cena a ser gravada, pois ela dependia exclusivamente da atuação dele e trazia uma carga dramática muito grande. Tive que segurar as lágrimas no final, ao me deparar novamente com um mesmo fato: não havia um ator interpretando um personagem ali naquele quarto, mas sim uma outra pessoa expondo seu drama, num momento real de sua vida. Era a criatura-história que havia abraçado com suas garras afiadas meu amigo Hunfrey. Fui solidária a ele, pois estava sentindo aquela mesma dor... E ele foi brilhante entregando sua alma a ela! Sem medo algum, sem titubear... Expelindo a magia por todos seus poros!

Ontem a diretora que habita meu ser estava tranqüila (e tem ficado mais e mais a cada novo dia de filmagem), mas a escritora se mantinha impaciente. Isso porque a escritora não tem mais seu rebento para cuidar, ele cresceu e cortou seus laços. Daí, um certo comichão passou a incomodá-la... E, hoje, naturalmente outra história começou a germinar...

Um beijo no coração de cada maravilhoso colega de equipe!

Bia

Mais olhares... Hélio Tuzzi






















segunda-feira, 20 de julho de 2009

Nossa meteória (ou quase) passagem por Ipiguá



Como prometi, aqui estou eu para relatar os acontecimentos do último final de semana. Desta vez, após muitas súplicas e juras de morte, São Pedro segurou a chuva e nos mandou um sol esplendoroso. Na verdade, tanto sol até nos atrapalhou um pouco (que São Pedro não leia isso... será que no céu tem internet?), pois tivemos que refazer uma cena devido à intensidade da luz. Mas nem dá para considerar isso como um problema... O negócio foi amarrar uma faixa de dois metros entre dois coqueiros plantados a quase dez metros um do outro! Por sorte temos o Macaco! Ele subiu no coqueiro com a facilidade nata dos símios... rsrsrs....
E como já era previsto essa semana a interação da equipe foi bem maior. Aquele estresse do início diminuiu bastante e só o fato de não ter chuva e nem frio contribuiu muito para o trabalho fluir.
No sábado, gravamos a cena da chegada do personagem principal à cidade. Foi uma loucura! Gravamos dentro de um ônibus que a prefeitura de Ipiguá gentilmente nos cedeu. Alguns moradores se ofereceram como figurantes e lá fomos nós, estrada a fora! Confesso que me perdi por um momento na direção e aprendi mais uma coisa: atores e figurantes são criaturas completamente diferentes! Parece claro, não é? Mas se você é um diretor estreante como eu, ou mesmo se pensa em dirigir alguma coisa, algum dia, lembre-se disso. São poucos detalhes que preciso acertar na atuação do elenco do filme, a maior parte das intervenções que faço na cena são referentes à marcação. Acredito (e tenho comprovado essa tese no decorrer das filmagens) que não é preciso ser outra pessoa para atuar. Se o ator entender o personagem em todas suas nuances, ele naturalmente terá as reações necessárias ao momento dramático. E isso fizemos bem durante nossos encontros. Eles entenderam e incorporaram todos os sentimentos que estão implícitos em cada ser que habita o roteiro do filme.
A Carla me disse uma coisa interessante no domingo de manhã, enquanto era maquiada pela Flavinha. “Acordei hoje angustiada pela Ana (Ana é sua personagem). Coitada dessa mulher! Quase chorei pensando no seu sofrimento!”. Isso prova que ela está sentindo a dor de sua personagem, que entendeu os momentos de aflição, absorveu todos os porquês da Ana. Ela não está encarando a personagem como um ser fictício, e sim como uma pessoa de verdade. Fiquei orgulhosa de nós duas! Por ela, que se doou à personagem; por mim, que fiz meu dever direitinho...rs.
Bem, diante disso tudo, falhei com os figurantes. Escolhi duas garotas para contracenar numa cena simplizinha, sem falas, sem maiores problemas. Só esqueci do detalhe que a câmera inibe as pessoas que não estão preparadas para ela e joguei as meninas na fogueira. Dei instruções básicas e liberei o Leandro para gravar. É claro que não deu certo! Elas riram, ficaram tímidas, se atrapalharam até! Depois falei com elas um pouco melhor (apesar de não ser como deveria... agora sei) e a coisa saiu. Mais um aprendizado para essa atrapalhada diretora!
Também descobri que não dá para dirigir sem retorno. Estar com meu monitor ligado é fundamental para que eu me situe na cena. Algumas vezes eu nem peço para ligar, mas ainda que seja uma cena simples, fico perdida sem ele. Mas eu vou aprendendo...
Por volta da meia-noite de sábado começamos a gravar as cenas adicionais na igreja. Faltava pouca coisa, mas era imprescindível que fizéssemos mais alguns takes. Varamos a madrugada gravando e, dessa vez, deu tudo certo.
Já no domingo não conseguimos cumprir o cronograma. Logo pela manhã, muito animados apesar da noite mal dormida (marido, filhos e eu dormimos no chão... alguém pode me doar uma barraca para família, please?), seguimos em direção ao bar. Qual não foi nossa surpresa, quando o proprietário do estabelecimento nos comunicou que não poderíamos gravar, pois o local estava lotado. Voltamos para o QG e ficamos monitorando quando os ilustres freqüentadores do boteco resolvessem desocupar o recinto. Isso aconteceu lá pelo meio-dia... O Ricardo, dono do bar, se saiu muito bem interpretando o dono do bar e o Sr. Serafim, um simpático velhinho que passava por lá, se ofereceu para interpretar um freguês que chega para comprar uma cerveja. De início, o Hunfrey duvidou da interpretação deles, mas fui teimosa e decidi tentar. Deu certo! Fiquei feliz por eles terem ido bem e mais ainda por poder aproveitar o pessoal da cidade para enriquecer o filme. Muito obrigada aos dois!!!
De tarde, tínhamos apenas uma cena para fazer e encerraríamos nossa passagem pela cidade. Só não contávamos com um pequeno “problema”: de vez em quando tem pagode na praça da igreja... E adivinha? Justamente ontem aconteceu o maior rala-coxa em Ipiguá! Por falta de um, dois grupos de pagode estavam tocando na cidade, um na praça e outro no quarteirão seguinte! AFFFFFFFFFFFFFF!!!!!!
Óbvio que não conseguimos gravar. O pessoal do grupo até foi bacana e parou de tocar por um momento, mas aí a música do outro grupo vazava no áudio que estávamos captando e decidimos parar. Resultado? Semana que vem estaremos nós, de novo, na bela Ipiguá!
Ahhh! Mas nem vou reclamar, viu... Deu tudo certo e um atrasinho aqui, outro ali, nem dá para considerar. Estou aprendendo a lidar com imprevistos. Fazer filmes na raça como estamos fazendo é aprendizado para uma vida inteira. Pode acreditar!

O “QG”

Eu não poderia deixar de falar do nosso QG. Pois é, montamos um quartel general no salão paroquial de Ipiguá. Como nosso dinheiro é pouco (muito pouco mesmo), não temos muitas regalias. Mas parece que quanto maior é a dificuldade, o pessoal fica mais animado! Da próxima vez, só vou levar pão e água para alimentar esse povo... rsrsrs.
No canto direito do fundo do salão fica o Dahma, ou melhor, a barraca do nosso protagonista. Com seu colchão inflável, banheira de hidromassagem, sauna seca e a vapor e deck para avistar o por do sol na estonteante Ipiguá, Hunfrey e sua primeira-dama, Flávia Carvalho, aproveitaram momentos de indiscutível prazer em seus aposentos.
Ainda à direita, porém um pouco mais ao norte, podíamos avistar a Caic, bairro residencial onde estavam instaladas as barracas do diretor de fotografia e esposa, Leandro Marcondelli e Patrícia Fernandes, além da barraca do primeiro assistente de fotografia, Fernando “Macaco”. Apesar de desfrutarem de menos regalias, ainda puderam aproveitar o som ambiente e confortáveis lençóis de cetim.
Próximos ao setor de alimentação do QG, ficaram instalados a produtora Valquíria e os assistentes de fotografia Eduardo “Cabelo” e Rafael. Mais adeptos ao um estilo despojado, dormiram sobre colchonetes e edredons de pluma de ganso jamaicano. Um arraso!
Ao sul do salão, de fronte à Caic, estava localizada a Portelinha. Conhecida pelos casebres amontoados, a simpática favela abrigou essa diretora que vos fala e sua família, que dormiram em cobertores e edredons esticados no chão. Não estávamos lá muito confortáveis, porém posso garantir que a vista privilegiada das barracas vizinhas e o calor humano que trocamos em nosso amontoado de cobertas compensou qualquer desconforto!

Como nem só de cultura vive essa destemida equipe, para nossa alimentação providenciei marmitex de feijoada no almoço (para dar uma energia extra), refrigerantes, água, pão de forma com presunto e queijo no jantar, leite frio com chocolate e pão francês com manteiga no café da manhã e sequilhos. Também comprei umas 30 bananas, que o Macaco comeu quase todas. Devia ser umas três horas da madrugada e ele ainda tirava bananas da sua pochete. Normal, não é mesmo?
Estou brincando agora, mas a verdade é que só muito amor por esse projeto fez essas pessoinhas maravilhosas passarem por tudo isso! Daí, pode-se ter uma idéia da verdade que há nas palavras de todos eles quando dizem que o meu sonho agora é de todos da equipe!

Valeu, pessoal!
Ainda que eu não me torne uma cineasta, ainda que eu não faça mais nenhum filme, vou carregar essa experiência maravilhosa por toda minha vida! Vocês são incríveis!

Se alguém conseguir chegar ao final desse post imenso, fique com um beijo meu e mais fotos: dessa vez, os olhares são da Paty Fernandes.

Até a próxima!

Bia

P.S.: Ao anônimo que deixou um comentário sobre fotos dos atores, eles aparecem sim entre os integrantes da equipe. Entretanto, vou providenciar mais fotos deles. Só estamos segurando as fotos em que eles aparecerem caracterizados como seus personagens... só para criar um suspense... Você me entende, né?

1ªs gravações - Fotos de Patrícia Fernandes





























sexta-feira, 17 de julho de 2009

E lá vamos nós de novo!


E lá vamos nós de novo para mais um final de semana de gravações!

Dessa vez, o corre-corre foi menor (aleluia!), o que me parece bom. O Fernando andou bastante hoje, mas tudo dentro do previsto. Quer dizer, quase tudo... O ônibus que tínhamos arranjado furou, mas o Fer correu em Ipiguá e a prefeitura nos cedeu um outro. Aliás, Ipiguá foi uma escolha certeira... Recebemos muita ajuda do pessoal de lá.
Nem sei se já disse isso aqui, mas quase todos os livros de diretores de cinema que li diziam que quando se faz cinema tudo o que foi previsto dá errado. Achei engraçado quando li... Acontece, que eles não falaram só para serem engraçados. Dá errado mesmo, de verdade, sem sombra de dúvida. A parte boa é que eles também dizem que o errado acaba ficando certo, porque no improviso tudo acaba se ajeitando. Assim tem acontecido conosco. Conseguimos ajeitar tudo o que saiu do eixo até agora. E que os anjos digam amém para que permaneça assim! (Mas se puder não dar nada errado, euzinha agradeço).
Na quarta-feira tivemos uma reunião muuuuuiiiiito proveitosa. Marquei com o Hunfrey e o Leandro um pouco antes do horário marcado com todos para conversarmos sobre o que tínhamos feito e que rumo tomaríamos. Percebi que o Leandro estava inseguro sobre alguns pontos da história e isso me pareceu normal. Na verdade, eu até já esperava que acontecesse. A história que escrevi é complexa e não faço muita questão de explicar tudo, deixo pistas para que espectador tire suas próprias conclusões. Desde o começo das reuniões bati na tecla que deveríamos esclarecer todas as dúvidas, para que contássemos a mesma história. Só que o Leandro teve compromissos de trabalho e não pode comparecer. Na reunião de quarta esclarecemos tudo e fiquei muito feliz e tranqüila com o resultado.
Tudo bem que foi um risca-faca do caramba...rsrsrs.... (como ele mesmo disse). Mas acho fundamental ter alguém que discorde, que aponte para alguma coisa que não concorde. Se não for assim, como enxergaremos os erros? Desde o começo vi a dedicação do Leandro e, agora, mais do que nunca: ele brigou pela história, pela veracidade do nosso filme. Valeu!

Mas eu não poderia terminar esse post sem falar da primeira cena montada. Ficou lindamente arrasadora! Esses enormes adjetivos ainda são poucos para descrever. E olha que foi uma edição provisória, só para termos uma idéia do que foi realizado. Textura, figurino, interpretação... Ah! Só mesmo vendo para entender...

Hoje teremos fotos da Flavinha. Ela (e equipe) está arrasando no figurino e, entre uma troca de roupa e outra, deu show na captação de alguns momentos.

Beijos e até segunda!

Bia

P. S.: Dêem todos as mãos numa súplica para que São Pedro feche suas comportas... O céu já deve estar até desbotado de tanto que essa criatura o lavou! Chega de água, né?

1ªs gravações - Fotos de Flávia Carvalho

























































terça-feira, 14 de julho de 2009


Agora que passou o primeiro susto, posso falar mais tranquilamente sobre tudo. Ou pelo menos algumas coisas... rsrs... Tudo o que eu li desde que comecei a me interessar em produzir filmes (cerca de um ano e meio atrás) me deu uma base muito boa para trabalhar agora. É claro que ainda não tenho o olhar tão treinado quanto gostaria ou a percepção tão aguçada quanto é necessário. Mas os livros me ensinaram a trabalhar antes de filmar, a preparar o terreno para semear.
No primeiro encontro que tive com os atores pedi a eles que escrevessem um resumo da história, ou para dar o termo técnico da coisa, uma fábula. O objetivo era saber o que cada um pensava sobre o texto que tinha lido, descobrir se estávamos em sintonia ou o que exatamente precisaríamos acertar. As fábulas foram muito parecidas e isso foi bom. Sinal que a leitura e a conversa que tivemos durante uma reunião com toda equipe dias antes tinha surtido efeito.
Num segundo momento, falamos sobre cada personagem. O mais difícil de acertar foi o Genaro. E isso já era previsto, pois ele é o mais complexo da trama. Não é um personagem plano... Ele é cheio de nuances, de processos psicológicos que estão em desenvolvimento. Fora isso, na parte estética ele carrega dois agravantes (que não posso contar por motivos óbvios) que dificultam ainda mais a interpretação.
Hunfrey e eu tivemos longas conversas sobre o Genaro. Entre uma aula e outra na faculdade, um intervalo aqui outro ali, acertamos as arestas entre o que ambos queríamos para ele. Não tive mão de ferro com relação a isso. Eu quero o que for melhor para a história e, no início do processo de estudo do roteiro, ouvi e aceitei muitas idéias.
Amadurecemos o nosso Genaro. Nas cenas que gravamos até agora, meu amigo Hunfrey me mostrou que nosso trabalho rendeu bons frutos. Ele me mostrou o que eu queria ver no Genaro, não só nesse roteiro, mas na história original que escrevi há três anos.
O mesmo ocorreu com as meninas. A interpretação delas foi fantástica. Estou torcendo para sobrar um minuto no filme... Aí escrevo mais uma cena para elas! (Cena essa que está me perseguindo há tempos...).
Bem, uma outra escolha minha como diretora foi não ficar cortando cena a todo instante. Ator errou a fala, mas continuou no improviso? Vou deixar terminar. No final, eu digo que aquilo que saiu errado (caso o improviso não tenha funcionado) e faremos de novo. Acredito ser menos cansativo e estressante assim.
O Leandro me puxou a orelha no domingo, dizendo que eu estava preocupada com tudo, quando deveria estar focada no trabalho dos atores. Eu estou focada no trabalho deles sim, mas também estou de olho em tudo. Não sei ser diferente. Mesmo confiando no trabalho da equipe, me preocupo sim com todos. Acredito que isso influenciará o produto final que iremos produzir.
Talvez eu tenha um estilo meio Kubrick de ser (tô podendo, hein... rsrs). Adoro o trabalho dele e, assistindo um documentário sobre sua vida e trabalho no sábado enquanto esperávamos a chuva passar, vi muitas semelhanças com meu modo de pensar. Não que eu tenha o talento dele. Longe disso. Mas o jeito de pensar, a vontade de inovar, a preocupação com tudo que o filme envolve, a atenção com os membros da equipe, entre outras coisas, me fizeram pensar que talvez eu não esteja tão errada nas minhas escolhas. Aliás, estou confiando um pouquinho mais nelas a cada dia que passa.
Estou tratando cada cena como um curta. E esta é outra escolha minha. Cada uma tem começo meio e fim, com ponto de virada e tudo. Também acredito que isso facilite o trabalho. E sei exatamente o que quero ver em cada uma delas. Já passei esse filme na minha cabeça centenas de vezes, sei cada detalhe dele, cada expressão facial dos atores... É uma delícia ver isso virando realidade.
Neste primeiro final de semana, estive mais tensa durante a gravação... Foi o primeiro! Hoje sei um pouquinho mais do que sabia na sexta-feira passada... Tenho certeza de que na próxima segunda-feira terei um tiquinho a mais de conhecimento armazenado aqui nessa minha cabecinha maluca do que tenho hoje. E por aí vai. Só ralando muito a gente aprende...
Amanhã teremos uma reunião para decidir os detalhes sobre a próxima gravação. Além disso, também terei uma conversa com o Hunfrey e o Leandro, veremos as imagens captadas e analisarei se estão dentro daquilo que quero.
Não posso deixar de falar aqui do meu maridinho Fernando, que foi pau para toda obra (no bom sentido...rs) e trabalhou muito! Meu filhote Raul mostrou que apesar da pouco idade (ele tem 15 anos) já sabe trabalhar como gente grande... E a minha florzinha, Maria Clara, também pegou no batente! Reclamou um pouco, é verdade, mas se não reclamasse, não seria ela, não é mesmo??? rsrs.

E é isso. Vou contando um pouquinho mais a cada dia. Dêem uma olhada nas fotos que a Gianda, nossa super "claqueteira" fez nos minutos de folga. Imperdíveis! Amanhã coloco mais umas fotinhas, clicadas sob o olhar da Flavinha.

Beijão,

Bia
E mais emails do pessoal...
"Oieee pessoal! Desculpe a demora para escrever esse email... mas estou super contente com o trabalho que fizemos esse final de semana.Parabens a todosparabenssssssssss Bia!!!!!!! como mtos ja falaram..seu sonho também é nosso um otimo dia para todos vcs!!!"
Valquiria Menezes
Diretora de Platô
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"Galera, peço desculpa pela minha ausência nos emails.. estou tentando me acostumar com essa nova vida corrida.. rs
Faço das palavras de todos, a minha.
Acrescento que esta sendo muito importante pra mim estar fazendo parte desse projeto, dessa equipe.
A realização de um sonho que, nos meus planos, pensava estar longe... o Cinema.
Um abraço a todos!"
Alexandre Bordon
Making Off
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"Bom dia à todos, Como podem ver, estou um pouco atrasada nas impressões de um final de semana em Ipiguá. Isso porque, como disse a Flávia, fazer um filme é uma coisa que relaxa a gente. Relaxou tanto que faz dois dias que eu só durmo... rsrsrs... para recuperar as forças... (sem falar nos atrasos aqui no trabalho). Esta foi a primeira largada. Teve seus percalços, seus estresses, suas alegrias. Nos próximos finais de semana estaremos mais entrosados. Parabéns à todos que fizeram parte destre trabalho. Bianca: seu sonho ultrapassou as barreiras do imaginário ;) Um abraço àqueles que conviveram mais de perto com o meu mau humor: Daval, Valquíria e Karol."
Mayla Pinheiro
Produção
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"Estamos todos de parabéns, foi um final de semana único e maravilhoso, já ficou na história, mais uma que vou poder contar para os meus netos!!! (Quem sabe um dia filmar?)
Nunca passei um frio tão produtivo e criativo...(rs) e junto com tantas pessoas ligadas na mesma energia, falando em energia...- Fernando, não esqueça de medir as tomadas...kkkk o guerreiro Fernando...Até guardião da Igreja ele foi, junto com o Rafa (valeu velho mais uma vez pela sua prestatividade, parabens!), teve um momento que fui ver como estavam os refletores fora da igreja, de madrugada, quando ví, não dava para perceber quem estava mais imóvel o tripé ou o Rafa de tanto frio segurando o refletor pra nao cair...kkkk, um exemplo de cumplicidade e espirito de equipe!!! Não só ele, todos estão de parabens, foi tudo melhor do que eu imaginava, todos se empenharam muito, foi muito legal ver pessoas realmente contribuindo em nome da arte, da sétima arte, espero que essa equipe esteja sempre unida com essa energia para produzirmos mais materiais, sermos reconhecidos como cineastas e realizarmos nosso sonho de começar produzir cinema com recursos.
Podem ter certeza, estamos criando uma nova linguagem cinematográfica, sem precisarmos recorrer aos grandes pólos, lógico, temos coisas a melhorar, mas com bastante trabalho conseguiremos cada vez mais apurar nossa técnica para expor nossa arte.

Helinho, as fotos ficaram loucas ein velho!!! Realmente estamos cercados de artistas!!! Lembrando tambem que as fotos da Pati ( minha companheira para todos os momentos), ficaram lindas, vou enviar pra todos, e a Gianda que alem de estar a todo momento atenta no continuísmo, ainda teve tempo de tirar fotos maravilhosas.

Queria agradecer a todos por estes momentos, únicos na nossa vida.

Ainda bem que esta apenas começando.

Parabéns a todos!!!
Abraço e até a proxima..."
Leandro Marcondelli
Diretor de Fotografia

1ªs gravações - Fotos de Gianda Oliveira




































































segunda-feira, 13 de julho de 2009

Diretora, eu????

Nunca penso muito para começar a escrever aqui, meus pensamentos fluem com alguma facilidade. Entretanto, hoje, no dia em que mais tenho a dizer, não consigo encontrar as palavras certas. Estou aqui parada diante da tela branca do Word, intimidada, titubeante... Como expressar minha gratidão à equipe, à minha família (que agora faz parte da equipe), aos atores, ao padre José, à população de Ipiguá? Não há palavras suficientes para isso... Um simples obrigada nunca será suficiente!
Hoje acordei temerosa. Enfim, começamos a filmar! E como é difícil encabeçar um trabalho desses! Ninguém que se mete a fazer um filme, sendo inexperiente como eu, tem noção do que vai enfrentar. E não adianta ler um monte de livros, assistir inúmeros making off e nem saber que tudo pode dar errado, mesmo a gente fazendo tudo certo antes. Na hora do vamos ver, a dimensão da coisa é infinitamente maior do que sonha nossa vã filosofia...
Eu deveria escrever um texto radiante, muitos vão pensar. Afinal, mesmo com alguns imprevistos (que todos sabíamos poderiam acontecer), deu tudo certo. Captamos imagens lindas, muito mais do que eu poderia imaginar. Acontece que senti o peso da minha responsabilidade quando coloquei os pés no set de filmagem. Ao ver os equipamentos montados, todos a postos, esperando um comando meu... Ah, confesso que tremi na base! Por um momento, pensei em desistir... Sair correndo mundo afora e nunca mais voltar. E que pasmem todos aqueles que me acham muito forte! Apesar disso, respirei fundo e pensei: “Agora que entrei na chuva, vou ter que me molhar”. E foi isso que fiz.
Minha sorte é que conto com profissionais e amigos maravilhosos. Leandro, Gianda e Valquíria estiveram ao meu lado o tempo todo. Não precisei me preocupar com a montagem dos sets, pois o Daval e as meninas deixaram tudo pronto. A Flavinha e a Mona cuidaram direitinho do figurino e da maquiagem. Atores, atores, atores... Passaram um frio danado e não deram um pio sequer! Os meninos da fotografia trabalharam feito gente grande, todos em sintonia com o Leandro. Ah, e por falar nele... O Leandro deu um show na fotografia...
São Pedro é que tentou fazer uma graça no sábado e fez despencar toda a água armazenada lá no céu. Chuva, vento, frio que não acabava mais... Até que eu me cansei de esperar e tive uma conversa séria com ele: “Escuta aqui, meu filho, você vai tirar o pé da minha janta ou não vai? Ipiguá por acaso tem cara de spa? Você tá achando que estamos aqui de férias???” Isso já devia ser umas seis da tarde. Parece que meu esporro deu certo, logo depois parou de chover. E no domingo abriu um sol esplendoroso!
Com muito frio e mofo expirando pelos poros, começamos a montar o circo por volta das 22 horas, quando a igreja foi liberada. Lá pela meia-noite iniciamos as filmagens.
E como é difícil! Estou acostumada a escrever, um trabalho bastante solitário, que só depende de mim. Dirigir, não. Eu dependo de todos para fazer um trabalho decente, nem vou dizer bom. Para fazer um bom trabalho ainda vou camelar muito. Tive medo e dúvidas. Ainda estou com medo e mais dúvidas ainda... Meu pobre coraçãozinho só vai sossegar quando terminarmos tudo, quando o filme estiver finalizado.
Mas uma coisa é certa. Posso até errar na direção, isso acontece. Mas os encontros que tive com os atores valeram muito e facilitaram meu trabalho. Todas as conversas que tivemos sobre os personagens esclareceram o ponto aonde eles deveriam chegar. Fiquei feliz com as atuações. Depois vou rever todas as imagens com o Leandro e decidir se precisaremos refazer ou acrescentar alguma coisa.
Estou com os nervos à flor da pele hoje. A ponto de desabar e chorar por horas a fio. Me sinto a vontade de dizer isso aqui, pois foi para contar erros, acertos, dúvidas, medos, alegrias que esse espaço foi criado. Junto com esse filme nascerá uma diretora de cinema. Esse é meu sincero desejo.
O que alegrou meu dia hoje foram os emails que recebi. Aqui, de público, deixou um beijo mais que especial para a Flávia e a Gianda, que me encheram de alegria e emoção com suas mensagens. O trabalho de vocês reflete as pessoas que vocês são. Muito mais que especiais.
Mas nem tudo foi ralação... Rimos bastante também. Erros de gravação, peruca de certo personagem (rsrsrs), cachorro comendo a isca escondido, menino-fumaça (meu filho Raul), Hunfrey imitando Michel Jackson na porta da igreja, Hunfrey que não desperdiçou nem a macarronada cenográfica (fria e sem tempero.. rs), etc, etc, etc.
No próximo final de semana tem mais. Neste, fizemos quatro cenas. Vou programar tudo para fazermos o que falta em Ipiguá e encerrar essa fase de gravação.
Abaixo, vou publicar alguns emails que recebi. Também vou colocar as fotos que o Hélio Tuzi fez durante as filmagens, diga-se de passagem, maravilhosas.

Um beijo,

Bia
P. S.: Torçam por mim!
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E aí vão os emails:
"Enfim ouvimos o "ação" da Bia e o "gravando" do Leandro...sem falar da "tomada 40" da "claqueteira" - heheheMas mais do que isso, foi bom ver o envolvimento de todos, as meninas do figurino e maquiagem, a produção sempre disposta e antenada, os detalhes do Daval - um simples vaso com flores vermelhas dão vida a uma cena linda dentro da igreja.Os meninos "pau pra toda obra" que montavam e desmontavam os equipamentos. Os atores dando o melhor de si. O Hunfrey e seu sotaque de Genaro - sem falar da cabeleira - hehehehe.Todo mundo abraçou a causa e acabava desempenhando outras funções pra ajudar, isso é estar em equipe.O Alexandre gravando tudo e o Helinho apareceu para registrar em belas fotos toda o nosso trabalho. Até São Pedro colaborou...Ahhhh, sem falar da ajuda importante do Raul, o menino fumaça... rsrsrsO que quero dizer é que apesar de estar sem voz e super cansada, o fim de semana foi delicioso. O seu sonho Bia, agora também é nosso. E ver tudo se transformando em realidade é realmente prazeroso.
Estamos fazendo cinema pessoal, e modéstia à parte, estamos nos saindo muito bem.
Parabéns pra todos.
Boa semana."
Gianda de Oliveira
Continuinista
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"Preciso dizer a todos : FAZER FILME É UMA COISA QUE RELAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAXA A GENTE ! rsrsrsrsrsrsrs Por alguns minutos eu queria não estar lá em Ipiguá . Que frio na barriga, que medo de não estar fazendo um bom trabalho, que medo de nao conseguir arrumar o pessoal, que medo das roupas não darem certo. Mas deu! A única coisa que consegui sentir esse final de semana foi angustia e um mau humor que só o Hunfrey com toda aquela paciência poderia suportar !Mas deu tudo certo. Agora estou aqui torcendo para que chegue logo o proximo final de semana. Bia a largada já foi dada, mesmo com todos os percalços, conseguimos o entrosamento necessário para que tudo desse certo. Parabéns pela seu esforço, e teimosia. E como é teimosa essa mulher, meu Deus ! Parabéns ao Leandro, que mais uma vez prova sua competência como fotografo, e colaborador dos projetos dessa galera que tem sede em transformar o cinema em realidade. Putz, não foi facil. E cada um que lá estava merece os parabéns por cada ação, cada ideia que faz dessa produção a realização do sonho não so da Bia mas de todos nós. Enfim, quero pedir desculpas a Carla, querida foi mau, mas vc conseguiu tirar o Gel do cabelo? rsrsrrss. Nos divertimos! E isso não tem preço! Parabéns a todos! Bia, o seu "AÇÃO" não se resume somente a uma ordem para gravar uma cena, é muito mais. É uma ação para vida, para a realização de um sonho. Então querida, que vc diga muitas vezes ação, assim como todos nós. Parabens querida !"
Flavia Carvalho
Figurinista
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"Bom dia a todos, e em primeiro lugar quero dizer que façam minhas as palavras da Gianda.
Ontem à noite quando ia pra casa fiquei pensando como algumas coisas acontecem de forma positiva, e principalmente de como tudo se encaixa para um trabalho em comum. Após fazer o que tinha que ser feito, ajudava em algumas outras coisas e ficava observando como as pessoas estavam interessadas e o que é melhor, como se empenhavam.
Quero dizer que todos se saíram muito bem, trabalharam duro, e fui testemunha. Todos sem exceção fizerem até mais do que se propuseram, e o trabalho rendeu, conseguimos deixar a diretora livre pra pensar, e pensou muito, rsrsrsr, e se saiu muito bem, teve coragem de carregar o fardo, que é sempre mais pesado pra quem dirige.
Algumas pessoas que estavam lá e até então só conhecia de conversas, no set ao trabalharem vi que chegaram aonde chegaram porque sao pessoas de uma imensa força e qualidades insuperáveis, pessoa humilde e de caráter, além de muito competente.
Mas cinema é isso, é união e trabalho em equipe, todos tiveram a sua parcela e fizeram muito, muito bem, todos foram humildes, outros fortes, outros rápidos, outros generosos, outros abdicaram de seus próprios interesses, mas todos foram impulsionados pela força da arte, e que pra quem não sabe, está em nós desde pequenos, por isso digo e penso sempre em cada nome que estará nos créditos deste que agora podemos chamar de filme, sim filme, pois já não esta mais no papel, está no mundo. E tenho que ser sincero, para não citar nomes, algumas pessoas me surpreenderam, se mostraram pessoas sem igual, com qualidades e muita disposição, não se preocupavam em recolher lixo, catar galho seco, alimentar cachorro, esperar à ordens dos outros, obedecer à ordens dos outros, marcar, apagar e remarcar o que tinha que ser feito, costurar, remendar, embelezar entre outras.
A toda minha equipe que saiu muito bem, o Cabelo, o Rafael 1, e acabaram me ajudando a Mayla e a Valquíria, que se não fosse elas, o almoço (do set) não teria saído, rsrsrsrs, entre outras coisas que também fizeram, e me ajudaram.
O Leandro, que trabalho em véi..., srrsrsrsrsrsr, ainda bem que ta no time...., rsrsrsrsrrs
Bom chega, é hora de trabalhar. rsrsrsrsrs. Imagino a cabeça da Bia hoje!!! rsrsrsr
Abraços a todos e vamos continuar."
Daval
Diretor de Arte
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"Eu ainda estou em estado de Choque!!!...rs.
Parabéns pra todo mundo - "Só os fortes sobrevivem"....rs."
Karolina Granchi
Produtora
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"É isso ai .. cinema axo q é iso né .. muita cansera .. muitas horas sem dormir .. muito frio seja na barriga ou no corpo todo rs.. mas ééé muita doidera .. é outro mundo fora da realidade !! hehe .. abs a todos . e até o proximo encontro !! ;)"
Eduardo "Cabelo"
Equipe de fotografia